quinta-feira, 15 de março de 2012

A morte não é nada para nós

Esses dias pra mim tem sido dias de muita tristeza, porque morreu minha mãe, eu embora não seja mais uma criança, sofro como se uma criança fosse. Eu fico pensando de como a gente que tem sangue latino sofre com essas perdas, temos  muito o sangue à flor da pele, demostramos muito o que sentimos. Claro que qualquer ser humano sofre com a morte, é normal, é natural, ainda mais se a pessoa falecida tem uma representação tão importante que nem minha mãe para mim.
O momento do luto é importante para a gente se modificar, se fortalecer, se refazer, seria estranho e até  doentil se não houvesse ese tempo de luto, uma pessoa que se realaciona com o outro afetivamente, tem o tempo de luto e terá que passar por ele.
Agora, uma questão de crer ou não em outra vida é uma coisa muito pessoal, uma questão religiosa, isso independe de cultura, raça, estudo...é uma questão pessoal. Paulo o apóstolo que levou o cristianismo para fora, para o mundo; fala que se a nossa vida se limitar a essa vida, somos o mais infelizes dos homens.  Abaixo quadro de Rembrandt (figura de Paulo)


Antes de Cristo existiu um filósofo, Epicuro que escreveu sobre a morte; na verdade, o que ele fala é uma forma de bem viver, ou seja, viver uma vida plena com qualidade, sem se preocupar com a morte, preocupação essa que faz com que nossa vida seja vivida sem qualidade.
Abaixo figura de Epicuro

A Morte Não É Nada Para Nós
Habitua-te a pensar que a morte não é nada para nós, pois que o bem e o mal só existem na sensação. Donde se segue que um conhecimento exato do fato de a morte não ser nada para nós permite-nos usufruir esta vida mortal, evitando que lhe atribuamos uma ideia de duração eterna e poupando-nos o pesar da imortalidade. Pois nada há de temível na vida para quem compreendeu nada haver de temível no fato de não viver. É pois, tolo quem afirma temer a morte, não porque sua vinda seja temível, mas porque é temível esperá-la.
Tolice afligir-se com a espera da morte, pois trata-se de algo que, uma vez vindo, não causa mal. Assim, o mais espantoso de todos os males, a morte, não é nada para nós, pois enquanto vivemos, ela não existe, e quando chega, não existimos mais.






Não há morte, então, nem para os vivos nem para os mortos, porquanto para uns não existe, e os outros não existem mais. Mas o vulgo, ou a teme como o pior dos males, ou a deseja como termo para os males da vida. O sábio não teme a morte, a vida não lhe é nenhum fardo, nem ele crê que seja um mal não mais existir. Assim como não é a abundância dos manjares, mas a sua qualidade, que nos delicia, assim também não é a longa duração da vida, mas seu encanto, que nos apraz. Quanto aos que aconselham os jovens a viverem bem, e os velhos a bem morrerem, são uns ingênuos, não apenas porque a vida tem encanto mesmo para os velhos, como porque o cuidado de viver bem e o de bem morrer constituem um único e mesmo cuidado.

Epicuro, in "A Conduta na Vida"

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